Especialista do IEEE defende ampla discussão do uso responsável da IA na sociedade
Especialista Euclides Chuma, membro sênior do Instituto dos Engenheiros Elétricos e Eletrônicos (IEEE), maior organização profissional técnica do mundo dedicada ao avanço da tecnologia em benefício da humanidade, defende ampla discussão do uso responsável da Inteligência Artificial (IA) na sociedade.
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Evolução das câmeras de vídeo, gerenciamento de taxas de lixo favorecendo com valor menor quem recicla e cuida do meio ambiente, entre outras novas tecnologias, têm facilitado o desenvolvimento e a manutenção de infraestruturas urbana, industrial e ambiental, melhorando a qualidade de vida de populações.
Engenheiros têm usado Internet das Coisas (IoT), sensores, Inteligência Artificial (IA) e sistemas 5G para integrar e monitorar serviços essenciais ao desenvolvimento socioeconômico. Recursos que aumentam a eficiência e reduzem os desperdícios, afirma Euclides Chuma. E um tema muito relevante hoje, diz o especialista, é o uso responsável da IA na sociedade.
Uma das tecnologias que mais evoluiu é o de câmeras de vídeo, que fornecem dados que podem ser usados e compartilhados de diferentes formas para oferecer um maior bem-estar aos cidadãos. Na atualidade, é possível controlar infraestruturas em tempo real e coletar dados para serem processados, em médio prazo, por IA ou computação quântica.
IEEE: IA x ética
Na visão de Chuma, é importante ampliar a discussão sobre o uso responsável da IA na sociedade, a questão ética.
Principalmente quando ela interfere na vida de um indivíduo. Essa ciência já é aplicada para deferir ou indeferir benefícios previdenciários aqui no Brasil. E o Detran usa IA para criar soluções que otimizem a mobilidade urbana e a segurança do trânsito. Mas também em radares que identificam as placas dos veículos e, automaticamente, informam as irregularidades do veículo.
“A maioria das IA são baseadas em estatísticas, são ferramentas mais rápidas e precisas para prever o comportamento humano. São excelentes para a otimização, mas apenas ter os insights nem sempre significa um impacto positivo no dia a dia. Essa ciência vai até certo ponto. Para a tomada de ações ainda estamos muito longe de ver os seus benefícios. Como vamos empregar dados de IA de forma ética? Por exemplo, uma seguradora pode negar uma indenização, em caso de furto ou roubo, a um motorista que dirige com frequência em áreas de risco. Isso é justo? É ético? Essa reflexão vale para outros setores da economia”, comenta Chuma, lembrando que a IA tem sido muito utilizada no atendimento a clientes de serviços, o que pode gerar uma série de questões sobre responsabilidades de uma empresa.
IEEE: IA irá auxiliar a humanidade
Mesmo assim, acredita que a IA irá auxiliar a Humanidade em muitas atividades e na utilização de diferentes recursos.
“O gerenciamento de serviços é uma delas. Hoje a taxa de lixo é cobrada de forma igual para todos. Mas se você é uma pessoa que recicla, cuida do meio ambiente, a IA pode mostrar isso e você pagar um valor menor. Seria ótimo usar a tecnologia para monitorar a quantidade e a qualidade do lixo que cada um produz. Com um controle mais preciso, é possível cobrar taxas diferenciadas de cada indivíduo ou empresa ou indústria. Esse é um exemplo de bom aproveitamento da tecnologia para reduzir a pegada de carbono e desenvolver uma sociedade mais sustentável”, diz o engenheiro.
Para Chuma, é também importante um maior rigor no Brasil com as normas de produção de dispositivos eletrônicos para o usuário final. E falar mais com a sociedade sobre o emprego adequado de informações e das novas tecnologias. Isso passa pela maior conscientização da população e deve começar nas escolas.
“As crianças aprendem de forma mais rápida e podem atuar como multiplicadores, educadores em suas famílias, especialmente diante de um mundo em constante transformação e em um cenário de mudanças climáticas”, afirma.
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