Cibersegurança: como Israel se tornou referência mundial?

Em um cenário geopolítico permanentemente tensionado, onde a segurança nacional é prioridade diária, Israel transformou sua vulnerabilidade em potência. Hoje, o país é uma referência global em cibersegurança, com um ecossistema de inovação tecnológica admirado em todo o mundo.

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“Israel entendeu cedo que proteger fronteiras digitais é tão vital quanto proteger as físicas”, afirma Daniel Skaba, CEO da CyberGate, empresa especializada na distribuição de soluções israelenses de cibersegurança. Segundo ele, a ciberdefesa passou a ser tratada como questão estratégica de Estado. “O país fez disso um diferencial competitivo, e colhe hoje os frutos dessa escolha.”

Como começou?

Grande parte dessa revolução começou nas Forças de Defesa de Israel, especialmente na Unidade 8200, considerada uma das mais sofisticadas estruturas de inteligência do mundo. “Lá, jovens de 18 anos são treinados intensivamente para lidar com ameaças reais. Saem prontos para inovar”, explica Skaba. Muitos desses talentos deixam o serviço militar e rapidamente fundam startups ou assumem postos-chave em empresas globais de tecnologia.

O resultado é visível: Israel abriga uma das maiores concentrações de startups per capita do mundo — muitas delas voltadas exclusivamente à cibersegurança. “É um ecossistema em que a inovação é testada em condições extremas, o que acelera sua maturidade e aplicabilidade global”, diz Skaba.

Trabalho coordenado

Esse sucesso, no entanto, não é espontâneo. Por trás do cenário de prosperidade tecnológica está um trabalho coordenado entre governo, universidades e setor privado. “O Israel National Cyber Directorate (INCD) é um dos pilares dessa engrenagem. Ele conecta políticas públicas, pesquisa científica e investimentos privados”, destaca o CEO da CyberGate. Iniciativas como hackathons, programas de aceleração e parcerias entre universidades e empresas são comuns e estimuladas.

A academia desempenha papel central nesse ecossistema. Instituições como o Technion, a Universidade de Tel Aviv e a Hebrew University não apenas formam profissionais de elite, mas também funcionam como centros de pesquisa aplicada. “Muitas startups nascem dentro dos laboratórios e seguem direto para o mercado, com apoio de incubadoras e fundos de capital de risco”, conta Skaba.

A vocação israelense para a inovação também se reflete na ambição global de suas soluções. Empresas como Check Point, SentinelOne, Cybereason e Armis são exemplos de tecnologias que surgiram para enfrentar ameaças locais, mas rapidamente conquistaram o mercado internacional. “As soluções têm DNA exportador. Elas são criadas em um ambiente de altíssima exigência, o que as torna altamente adaptáveis e eficientes”, pontua o executivo.

Gigante da área tech

Essa reputação de excelência atraiu os gigantes da tecnologia mundial. Google, Microsoft, Intel, Cisco e Palo Alto Networks mantêm centros de pesquisa e desenvolvimento em Israel, seja por meio de escritórios próprios ou por aquisições estratégicas de startups locais. “Essas empresas buscam inovação contínua, e Israel oferece exatamente isso. Em troca, o ecossistema local se fortalece com investimento, know-how e conexões globais”, afirma Skaba.

Para ele, o maior trunfo de Israel foi transformar o desafio constante da segurança em uma plataforma de desenvolvimento tecnológico. “O país escolheu antecipar movimentos, formar talentos e criar um ambiente onde a tecnologia é o primeiro escudo. O mundo inteiro está de olho nisso.”

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